Foi quinta-feira 04 de Junho de 2015, que saí da faculdade muito apressado,
porque havia alguém a minha espera no meu cantinho de alegria, para concertar o
seu velho “HP” Pentium III, que não conseguia conectar-se a internet.
Essa vida de chapas como dizem, subi um transporte público,
carinhosamente chamado “Chapa 100” ou simplesmente Chapa, que faz o trajecto
Museu-Magoanine, o subúrbio onde moro.
Durante a viagem exaustiva de (leva-leva, txova ndzaku, 40 40 aí
atrás, sai bai, três filas aí no meio, não tenho 1 metical, essa cadeira não
abro ou está ocupada) de entre outras expressões que caracterizam o cobrador do
Chapa, vivi um cenário que, aliás até porque tenho visto quase sempre que subo
este tipo de transporte, o famoso cinquentinha no meio do livrete de circulação
do carro.
O facto curioso é que no carro onde eu estava, se calhar o
chapeiro (motorista) teve o azar de deparar-se com mais de três postos de
controlo provisórios (redblock’s) dos agentes da Lei e ordem (Polícias) de
diferentes especialidades que aparentemente tinham a mesma missão e/ ou o mesmo
grupo alvo (os chapeiros).
O primeiro foi na zona do HCM – Hospital Central de Maputo, mais
concretamente na avenida Kim Il Sung, onde vi o cobrador a entregar 50 Mt ao motorista
para a devida tramitação que culminaria com a entrega do livrete ao senhor
agente contendo o valor no meio das páginas que descrevem o carro, e claro, por
fim no bolso do mesmo.
O cenário igual acima descrito repetiu-se nas zonas da Praça da
OMM-avenida Vlademir Lenine, na zona de Hulene expresso-avenida Julius Nyerere
e ainda na mesma avenida mas desta vez na zona de Hulene shopping.
O meu colega do chapa ao lado, questionou-me: mano desculpa-la mas
porquê que isso acontece? Antes de eu emitir a minha opinião, outro mano lá
atrás responde: meu irmão isso é assim! Fiquei equivocado porque achei que a
pergunta era ambígua: isso o quê? Fiz-me uma questão retórica, tive dificuldade
em perceber a que ele se referia, se era acção da polícia ou atitude dos
chapeiros.
A questão levantada dividiu opiniões: outros defendiam o facto da
polícia não ser bem remunerada, outros porque os chapeiros não licença de
condução de transportes públicos, outros diziam que aquilo era corrupção – de
facto é, entre outras posições. E daí o que eu respondi!...
Como eu disse acima que equivoquei-me com a pergunta, decidi
abster-me. O que me interessou foi a resposta do primeiro interveniente não
obstante o relevo da questão em debate/ conversa. Mano não é isso nem é assim,
porque devemos partir do pressuposto de que quem fez ser isso e assim fomos nós
e quem deve acabar com isso não será Deus, somos nós mesmos, não podemos
encarar isso como um paradigma, estaríamos a privilegiar atitudes que ferem a
lei e/ ou a ética moral do citadino sob risco de influenciarmos os visitantes
de Moçambique, conclui, e o cobrador já estava a pedir-me as contas.
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