junho 05, 2015

Isso é assim



Foi quinta-feira 04 de Junho de 2015, que saí da faculdade muito apressado, porque havia alguém a minha espera no meu cantinho de alegria, para concertar o seu velho “HP” Pentium III, que não conseguia conectar-se a internet.
Essa vida de chapas como dizem, subi um transporte público, carinhosamente chamado “Chapa 100” ou simplesmente Chapa, que faz o trajecto Museu-Magoanine, o subúrbio onde moro.
Durante a viagem exaustiva de (leva-leva, txova ndzaku, 40 40 aí atrás, sai bai, três filas aí no meio, não tenho 1 metical, essa cadeira não abro ou está ocupada) de entre outras expressões que caracterizam o cobrador do Chapa, vivi um cenário que, aliás até porque tenho visto quase sempre que subo este tipo de transporte, o famoso cinquentinha no meio do livrete de circulação do carro.
O facto curioso é que no carro onde eu estava, se calhar o chapeiro (motorista) teve o azar de deparar-se com mais de três postos de controlo provisórios (redblock’s) dos agentes da Lei e ordem (Polícias) de diferentes especialidades que aparentemente tinham a mesma missão e/ ou o mesmo grupo alvo (os chapeiros).
O primeiro foi na zona do HCM – Hospital Central de Maputo, mais concretamente na avenida Kim Il Sung, onde vi o cobrador a entregar 50 Mt ao motorista para a devida tramitação que culminaria com a entrega do livrete ao senhor agente contendo o valor no meio das páginas que descrevem o carro, e claro, por fim no bolso do mesmo.
O cenário igual acima descrito repetiu-se nas zonas da Praça da OMM-avenida Vlademir Lenine, na zona de Hulene expresso-avenida Julius Nyerere e ainda na mesma avenida mas desta vez na zona de Hulene shopping.
O meu colega do chapa ao lado, questionou-me: mano desculpa-la mas porquê que isso acontece? Antes de eu emitir a minha opinião, outro mano lá atrás responde: meu irmão isso é assim! Fiquei equivocado porque achei que a pergunta era ambígua: isso o quê? Fiz-me uma questão retórica, tive dificuldade em perceber a que ele se referia, se era acção da polícia ou atitude dos chapeiros.
A questão levantada dividiu opiniões: outros defendiam o facto da polícia não ser bem remunerada, outros porque os chapeiros não licença de condução de transportes públicos, outros diziam que aquilo era corrupção – de facto é, entre outras posições. E daí o que eu respondi!...
Como eu disse acima que equivoquei-me com a pergunta, decidi abster-me. O que me interessou foi a resposta do primeiro interveniente não obstante o relevo da questão em debate/ conversa. Mano não é isso nem é assim, porque devemos partir do pressuposto de que quem fez ser isso e assim fomos nós e quem deve acabar com isso não será Deus, somos nós mesmos, não podemos encarar isso como um paradigma, estaríamos a privilegiar atitudes que ferem a lei e/ ou a ética moral do citadino sob risco de influenciarmos os visitantes de Moçambique, conclui, e o cobrador já estava a pedir-me as contas.



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